terça-feira, novembro 8

A REGRA DOS TERÇOS

UM POUCO MAIS À FRENTE EM COMPOSIÇÃO

Antoni Tàpies - técnica mista sobre madeira

Uma obra de arte dispensa folhetos a acompanhá-la; ela por si comunica com o observador. Não é por ter muitos folhetos a ilustrá-la que melhora ou piora o seu valor. Ela vale porque é única e porque chegou a esse patamar sem ajudas. 
O seu valor estético tem de vir primeiro pela percepção sensorial. Eu observo, adoro e depois tento compreender que regras o artista seguiu para chegar àquela conclusão. Alguns pintores surrealistas escrevem mensagens nos quadros não para deixar claro o que fizeram, mas muitas vezes para equilibrar a composição. 
 Antoni Tàpies pintor catalão do séc . XX, vanguardista, termina de uma maneira geral a composição com a sua assinatura. Ela faz parte do todo, não é uma coisa que está ali a mais nem a usa sempre no mesmo lugar; ele coloca-a onde é necessária. Nesta obra, ele assina T XX ( Tàpies sec. XX) naquele ponto por a composição seguir uma espiral. Muitos artistas traçam mesmo linhas geométricas para organizarem  as suas obras.


Se vamos iniciar um trabalho, temos de pensar em três coisas importantes:
- o tamanho - se o que vou fazer é em grande ou pequeno formato;
- a forma - se pretendemos usar um quadrado, um rectângulo, ou um círculo; 
- ou ainda se queremos a tela na horizontal ou na vertical.

A regra dos três terços com os
quatro ponto de interesse
De seguida, temos de definir os pontos-chave da nossa composição. Ao desenhar ou até aplicar tintas na tela pelo processo já descrito noutro post atrás, temos de estar seguros do que queremos. 

Hoje vamos debruçar-nos exclusivamente sobre a distribuição dos elementos na pintura de cavalete.

Há uma regra muito conhecida pelos pintores que é a regra dos terços.

Autor João Vieira - óleo sobre tela
  optou por aproveitar os centros de interesse
 Este processo consiste em olhar para a tela e virtualmente dividi-la em 9 partes iguais, traçando duas linhas horizontais e duas linhas verticais à mesma distância umas das outras. Por este processo encontramos os quatro pontos chave para o equilíbrio.  
Mesmo depois de encontrados, não se podem usar tão linearmente porque eles não podem ter o mesmo valor estético, senão os elementos ficam de difícil leitura. 
Se valorizo o ponto superior direito ou, por outra, se coloco a primeira figura na parte superior direita, a segunda figura pode ficar ao mesmo nível se é isso que quero comunicar; mas deve ficar mais apagada ou mais pequena. Os outros dois também são pontos de interesse que devo usar para enriquecer a composição. 
Torna-se mais fácil colocar os elementos afastados do centro e colocá-los junto dos pontos de interesse. Todos devem ficar com diferentes valores estéticos e pictóricos, para dar alguma dinâmica ao assunto.  
Miró -  óleo sobre tela
Os olhos da fig. central estão na área
dos pontos de interesse
Se optar por usar o centro, que fica envolvido pelos pontos de interesse, o trabalho só resulta se ficar muito perfeito (ver tela de João Vieira). 

Se é uma paisagem, a decisão para escolher a linha do horizonte deve ser minha. Se quero mostrar o primeiro plano, eu coloco a linha do horizonte acima dos pontos de interesse. Se quero valorizar a profundidade, coloco a linha do horizonte abaixo dos pontos de interesse. 
Isto é válido na pintura ou na fotografia. Sei simplesmente que não a devo colocar ao centro. Portanto, com a linha do horizonte não devo dividir o quadro a meio.



Linha do horizonte acima dos pontos de interesse, valorizando o primeiro plano.


Sem comentários:

Enviar um comentário