sexta-feira, outubro 14

TÉCNICA DO FRESCO


 TÉCNICA CLÁSSICA DO FRESCO OU AFRESCO

 Preparação da Parede

Para iniciar este trabalho, a parede tem de estar bem seca e protegida de salitre.
Esta técnica é composta por 4 operações:
1 – Preparação da parede na sua base essencial.
2 - Preparação da parede para o próprio dia de trabalho.
3 – Operação de decalque.
4 – A pintura propriamente dita.

PREPARAÇÃO DA PAREDE NA SUA BASE ESSENCIAL

O reboco (não vos deve confundir, porque vamos usar materiais utilizados pelos pedreiros e qualquer um o pode fazer desde que lhe demos a receita).
Para esta operação, precisamos do seguinte material:
1 - Cal apagada, gorda e pura, sem óxidos. (Com pelo menos um ano de espera para não queimar as tintas).
2 – Areia do rio lavada e seca (sem mistura de argila, pois pode fazer estalar o reboco).

Atenção! A parede deve ser rebaixada, de modo que o fresco fique dentro de uma caixa, picada e molhada para que o reboco adira melhor à parede.
A preparação consta de três camadas:

1º reboco – 3 partes de areia de rio e 1 parte de cal apagada, tudo nas condições referidas atrás. Deve ser aplicada uns 2 ou 3 minutos depois de ser amassada de modo que tenha já alguma elasticidade.
Cada nova camada deve ser aplicada depois de se molhar a anterior. A película superficial deve ser destruída com uma escova para que melhore a aderência do reboco seguinte.
2º reboco – 2 partes de areia fina (da ribeira) ou pó de mármore e 1 parte de cal apagada.
3º reboco - 1 parte de areia fina e 1 parte de cal apagada. Este reboco deve ser mais mole, levar mais água de cal que os outros que são mais secos e deve ser aplicado de manhã no dia em que se vai pintar. Por essa razão, o trabalho deve ser dividido em parcelas e só colocar a argamassa da parte que conseguir pintar. Pois esta pintura é executada sobre reboco fresco.
Fresco descoberto na Igreja antiga de Atouguia da Baleia

DECALQUE DO DESENHO

1 – Prepare a maqueta em tamanho natural, em papel de cenário e pinte com as cores próximas do que pretende fazer no Mural. A ajuda de um fio de prumo e um compasso também é proveitosa para que o trabalho fique proporcionalmente perfeito.
2 – Divida o desenho em rectângulos ou quadrados e, à medida que o trabalho avança, vá copiando os rectângulos.
3 – Depois de o desenho estar no papel vegetal, faça furos a acompanhar o desenho com ajuda de um estilete. Encoste o papel à base do Mural, depois de a argamassa estar bem lisa, passe sobre os furos com a boneca de carvão acompanhando o desenho que se pretende pintar. Usa-se carvão vegetal porque é um material inerte e não altera a cor.


                                  A PINTURA PROPRIAMENTE DITA

As cores

As mais usadas são as terras. As de origem orgânica não são indicadas porque não resistem à cal. O branco de cal é a mais bela de todas e deve ser de cal apagada pelo menos dois meses antes da pintura e exposta ao sol para se obter um carbonato de cálcio neutro.
Os óxidos também são muito resistentes.
Os pincéis devem ser macios para não ferir a argamassa.
Dividimos o desenho em rectângulos ou quadrados e é esse espaço que nos vai orientar na quantidade de argamassa que vamos usar diariamente.

O último reboco é aplicado diariamente para que as terras sejam sempre aplicadas com a base molhada.


Outro fresco da Biblioteca Nacional, da autoria de Lino António

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