segunda-feira, outubro 10

AVANÇANDO NA TÉCNICA

O que é um fresco?

É uma pintura executada sobre uma parede ainda fresca e os pigmentos são aplicados com água. Esta técnica confunde-se muitas vezes com a têmpera, que é bastante diferente. Na têmpera, as tintas contêm aglutinantes e a sua aplicação é feita sobre um suporte seco, enquanto que no fresco é realizada sobre argamassa fresca. Isto porque esta pintura caracteriza-se por fixar os pigmentos através de uma reação química, e assim aderem ao suporte, que neste caso é a parede. 
Fresco etrusco (séc.VI a.C.)
Se você aplicar uma terra misturada com água sobre uma parede seca, o pigmento não adere. Precisa de uma cola ou qualquer coisa que a substitua. Falta a parede húmida e a argamassa à base de cal. Isto para que ao aplicar a cor misturada com água se dê uma troca química e fique sobre a superfície da pintura uma película insolúvel. O hidróxido de cálcio ca(Ho)2, em contacto com o dióxido de carbono co2 do ar, vai transformar-se em carbonato de cálcio ca co3, substância insolúvel e muito resistente.
 E é isto que a torna quase eterna ao longo dos anos. Se estiver longe de poluição, a sua durabilidade é enorme. Esta técnica pode ser usada ao ar livre, pois os materiais são resistentes à chuva, mas não terá tanta durabilidade porque está sujeita a outros factores como fumos, etc.  
     De certo modo, não se torna simples realizar este trabalho. Mas é interessante saber que os frescos são as pinturas mais antigas que se conhecem e essas civilizações tão antigas já tinham conhecimentos de química a este nível, com certeza fruto da experiência simplesmente empírica. É através destas pinturas, que existem, por ex., em Pompeia talvez desde o séc. 1, que podemos saber alguma coisa sobre a vida quotidiana destas civilizações. É por este meio que a história de Arte nos ajuda a compreender melhor o Mundo em que vivemos.
Os clássicos, como Miguel Ângelo, Rafael, etc. usaram os frescos e a têmpera, mas, mesmo depois da descoberta do óleo, o fresco continuou a usar-se. Mesmo hoje, podemos ver dois frescos com técnica antiga, datados dos anos 60, à entrada da Biblioteca Nacional em Lisboa, da Autoria do Pintor Lino António.
 A durabilidade do Mural depende da preparação da parede.

No próximo post, falarei da técnica de trabalhar o fresco, desde a preparação da parede à aplicação das tintas.  


Fresco de Lino António na entrada da Biblioteca Nacional de Lisboa

Fresco com 400 anos descoberto agora no tecto da Igreja de Santiago de Cacém

Sem comentários:

Enviar um comentário